quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Quero fazer uma confissão...

Quero fazer uma confissão esta noite porque a noite e a rua foram jantar juntas. Quero dizer que amo uma mulher cujo corpo não me dá o seu calor esta noite, cuja ausência é um ronsel laranja. Quero dançar com minha sombra para que o seu rumor chegue até ela e ela saiba que eu lhe dou a noite, toda senhora. Quero escrever coisas que não se esvaeçam com o sol, que a chuva as faça flores que cheirem a ela. Quero que as minhas mãos voem, voem em silêncio onde ela guarda os seus sonhos... sonhos que me pertencem porque eu lhe pertenço. Quero que ela fique, fique sempre, quero ser a sua voz quero ser o seu sorriso verde, quero ser a sua chuva no cabelo, quero amá-la mais do que ninguém ama ninguém. Quero dizer-lhe, aqui e agora, que a amo com a minha voz baixa, com o meu ar de outono lento, com o meu sabor de beijos possíveis. Quero que os pássaros sejam os meus mensageiros de saudade.

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